Recentemente, o pastor Eric Foley, fundador da missão Seoul
USA, ganhou espaço na mídia ao mostrar seu trabalho de evangelização com balões
que levam Bíblias até a Coreia do Norte. Os relatos de 80 cristãos executados
apenas por possuírem um exemplar da Bíblia em casa ajudaram a chamar atenção
mais uma vez para a situação da igreja norte-coreana.
Chamada de subterrânea, pois sua existência é proibida pelo
governo, seus membros não podem se identificar. Foley contou à revista World
deste mês que ao conversar com membros da igreja em uma de suas viagens ele
sempre aprende algo. Após perguntar a um desses cristãos como poderia orar por
eles, a resposta foi inesperada. “Você quer interceder por nós? Nós é que
oramos por você, pois… suas igrejas acreditam que os desafios da fé cristã são
resolvidos com dinheiro, liberdade e política. Quando Deus for a única coisa
que você tem, aprenderá que Deus é tudo que você precisa”.
Como existe uma política de tolerância zero para o
cristianismo, os fieis norte-coreanos precisam sempre ter cuidado em falar
sobre a sua fé em público. Muitos deles não revelam a sua crença nem aos seus
cônjuges antes do casamento. Como os professores são treinados para extrair
todo tipo de informações dos alunos, os pais não podem falar abertamente sobre
Jesus com seus filhos em idade escolar.
Foley conta que muitas vezes os filhos de famílias cristãs
sequer percebem que eles estão em uma reunião da igreja subterrânea. Por
exemplo, um homem lhe contou que toda semana participava de uma reunião de família
onde seu avô repetia sempre os mesmos conselhos para a vida. Somente anos
depois ele descobriu que as palavras do avô eram uma versão dos Dez
Mandamentos.
“Os cristãos norte-coreanos são muito cuidadosos em passar as
histórias da Bíblia para os seus familiares e amigos. Muitas delas são
recriadas para que não sejam reconhecidas como bíblicas, mas sem perder seu
sentido original”, conta. Ele enfatiza que para cantar músicas de louvor ou
fazer orações os cristãos não se reúnem em um local, mas fazem isso em tom
baixo enquanto andam pelas ruas de cidade.
Desde o final da Segunda Guerra, com a divisão das Coreias, a
do Norte ficou sob o regime comunista. Os cristãos que já eram minoria,
passaram a ser severamente perseguidos. Como não podiam existir escolas
bíblicas nem seminários, os líderes criaram uma maneira de discipular as
pessoas usando quatro pilares fundamentais do Cristianismo. De maneira simples,
estabeleceram que teologia seria ensinada pelo Credo dos Apóstolos; a oração
através o Pai Nosso; ética através dos Dez Mandamentos, e adoração através da
Ceia do Senhor. São esses elementos que mantiveram as igrejas subterrâneas
norte-coreanas até hoje.
Sobre os terríveis campos de concentração para onde os
cristãos são enviados, os membros da igreja disseram os veem como apenas mais
um campo missionário. As autoridades norte-coreanas precisam separar os
cristãos de outros prisioneiros porque ali eles podem compartilhar o evangelho
sem se preocupar com as consequências. E ocorrem muitas conversões, o que
preocupa as autoridades.
“A vida de fé norte-coreana é construída sobre a convicção
quer serão sempre fieis para realizar a obra que Deus lhes deu, mesmo diante de
todo tipo de oposição. Por isso, ficam surpresos e tristes quando escutam falar
de países onde a fé é muito diferente da sua”, desabafa Foley.
A Seul EUA estima que existem aproximadamente 100 mil cristãos
na Coreia do Norte, cerca de um terço deles em campos de concentração. Uma das
ênfases da missão é treinar desertores norte-coreanos para que possam ser
missionários para seu próprio povo assim que o país abrir novamente. Enquanto
isso, usam programas de rádio para ajudar no discipulado dos irmãos que vivem
ao norte da fronteira.
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